segunda-feira, 22 de abril de 2013

 

Artigo: Combatendo o mal pela raiz

(A) Temos uma incapacidade tremenda de discutir temas importantes da cidade sem que tentem trazer política partidária para o centro do debate. Se é adversário, trata-se de desqualificá-lo o mais rápido possível, se é aliado, não se consegue enxergar defeitos. Isso é ruim para a evolução dos debates para deliberações que possam iluminar o problema, trazendo, quem sabe, um solução.

No que diz respeito à violência, alguns insistem na tese pouco inteligente de que a violência em Mossoró foi trazida pelo Presídio Federal. Outros dizem que falta polícia. Prefiro dizer que o problema é bem mais amplo. Falta política pública para a juventude, faixa etária da qual faz parte a maioria dos mortos ou assassinos nas centenas de homicídios que temos em Mossoró ano após ano, e política pública para qualificação de mão de obra.

Não se combate a desigualdade se não combater a pobreza, não se combate a pobreza se não tiver, pelo menos, educação, saúde e segurança. Precisamos de uma unificação das políticas públicas, de uma ampla política de inclusão à produção. Os programas de distribuição de renda estão no seu limite. Já não avançam muito nos últimos anos. Para se ter uma ideia, das 13 milhões de famílias incluídas no Bolsa Família em 2011, 3,5 milhões ainda viviam com menos de R$ 70 per capita. Por isso foi criado o Brasil Sem Miséria. Precisamos com urgência combater a pobreza com educação de qualidade, saúde, segurança, bem-estar social.

A nossa produtividade é muito baixa. Não se justifica termos um índice tão baixo de desempregados, talvez o mais baixo da história do Brasil, e ainda assim a economia patinar. No ano passado o crescimento do PIB foi de praticamente zero, ficou em 0,9%. O que há de errado? Não se pode ter política de governo, precisamos de políticas de Estado. Em quatro ou oito anos não se muda um estado, imagine então um país. Geração de empregos e salário mínimo têm impacto muito maior na economia do que qualquer programa social.
Quando tivermos um país que cumpre sua Constituição, dando saúde universal, segurança, educação, como diz nossa Carta Magna, teremos, aí sim, um país sem miséria. A Constituição Federal de 1988 ainda é um sonho um tanto distante para a maioria esmagadora dos brasileiros.
Quando analisamos por duas óticas, vemos como estamos longe da justiça social. A economia melhorou, não resta dúvida, mas pontos como saneamento, transporte, meio ambiente, energia, saúde, segurança, educação melhoraram tanto assim?

Na última sexta participei do Fórum da Juventude de Mossoró que debateu o tema "Violência Contra a Juventude". Muitos dados foram mostrados, principalmente o de que há quase um extermínio dos jovens, principalmente negros. Isso é óbvio para quem vive em Mossoró e acompanha os números de mortes por aqui. Em 2011, tivemos um número de 73 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Isso é alarmante! A Prefeitura de Mossoró e Governo do Estado não mandaram representantes.

Políticas públicas para a juventude precisam ser levadas a sério. Os programas de estado, não de governo, precisam ser colocadas em prática. Incentivo à leitura, qualificação de mão de obra, apoio ao esporte amador, oportunidade de emprego, etc., são ações importantes, mas o que se precisa é termos respeito e compromisso com políticas amplas de apoio ao jovem. Sem isso, continuaremos a ver mortes e mais pessoas vitimadas pelas drogas.

Uma analogia que sempre faço é a seguinte: se temos dor de cabeça todos os dias e tomamos o remédio para dor de cabeça sem se preocupar com o que está provocando-a, vamos morrer talvez de problemas no estômago por tomar tanto remédio. Enquanto não combatermos os problemas que causam miséria, fácil envolvimento com drogas e consequentemente com a violência, estaremos sempre contando o número de mortes em nossa cidade. E cada vez em números maiores. (Artigo do vereador Lairinho Rosado publicado na página Opinião da edição deste domingo, 21 de abril de 2013, do jornal O Mossoroense.). 

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