segunda-feira, 15 de julho de 2013

 

Artigo - Base alienada

(A) "Parece que o governo tem uma base alienada e não uma base que pensa, que tenta melhorar o país. Aliado não tem que dizer amém em tudo". A frase é do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), que lidera a bancada socialista na Câmara dos Deputados. Disse isso após ouvir ameaças do líder do PT na Câmara. "Quero discutir quem é base, quem tem cargos no governo, quero discutir isso com toda nitidez política", disse o deputado José Guimarães, contrariado por ver as propostas do Governo Dilma rejeitadas no parlamento.

Muitos chefes do Executivo não aceitam ver suas ideias contrariadas. Não querem assessores, colaboradores e aliados pensantes. Esse comportamento não é sadio para a administração, principalmente a pública, onde tantos interesses, alguns contraditórios, estão em jogo. A base de sustentação ao governo do DEM em Mossoró sabe muito bem o que é isso. Por diversas vezes, cumprindo ordem do Palácio da Resistência, votaram em um determinado projeto, contestado pela oposição, e depois foram obrigados a votar um novo projeto, tal qual dissera a oposição, quando o Executivo, por pressão de servidores, por exemplo, reconheceu o erro e enviou projeto tal qual defendido pela oposição.

Chegamos ao ponto de vereadores governistas votarem contra os próprios projetos e emendas depois de pressão do Executivo. Há no relacionamento Executivo e Legislativo em Mossoró um claro desprezo do primeiro com o segundo. Não se responde a muitos requerimentos, não se envia prestação de contas no prazo, como determina a Lei Orgânica, ou não aceita debates e sugestões sobre projetos a serem apresentados, muito menos quando se trata de algo relacionado ao Orçamento. Já ouvi reclamações, ameaças de rebelião na bancada governista, lamúrias e acusações de vereadores contra figuras pardas da administração municipal. Dificilmente algo de concreto acontecerá.

Na legislatura passada, um vereador governista ousou discordar do fechamento de unidades de saúde do município e foi expulso da bancada governista. Nessa legislatura, outro vereador governista recusou-se a votar projetos sem que antes tivesse a oportunidade de ler, também foi expulso da bancada. Na verdade, há na política, assim como em qualquer outro ramo de atividade, aqueles que o estilo é "manda quem pode, obedece quem tem juízo". Pessoas que preferem serviçais alienados que aliados pensantes, opinantes. "Prefiro os que me criticam, pois me corrigem, aos que me adulam, porque me corrompem", já dizia Santo Agostinho.

A política é uma ferramenta de transformação da vida das pessoas. Pode melhorar, como piorar. O gestor tem o dever de balancear a responsabilidade, tomando alguma atitude amarga por necessidade, com os anseios da população. Ser estadista e não populista. Fechar-se num grupelho autoritário dificulta a percepção do que, de fato, acontece nas ruas. No relacionamento com legislativos municipais e estaduais, além do Congresso Nacional, há quem pense dessa forma. Não aceitam o contraditório e preferem continuar caminhando como se utilizassem antolhos, impedido que vissem opiniões ao redor que pudessem abrir novos horizontes, novas perspectivas. É o desejo de ter uma base alienada. (Artigo do vereador Lairinho Rosado - PSB - publicado no Jornal O Mossoroense de 14 de julho de 2013).

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