segunda-feira, 4 de novembro de 2013

 

Artigo: Mudando de opinião

(A) "Mude suas opiniões, mantenha seus princípios. Troque as folhas, mantenha suas raízes”, já ensinava Victor Hugo no século XIX. “Mudar de opinião e seguir quem te corrige é também o comportamento do homem livre”, dizia o imperador romano Marco Aurélio. Mudar de opinião não é pecado. O pernambucano Joaquim Nabuco e o baiano Rui Barbosa, por exemplo, não eram tão adeptos dos republicanos brasileiros. Apoiavam a Monarquia, mas defendiam algumas mudanças. Como as mudanças não aconteceram, foram convencidos de que apenas um regime político republicano poderia trazer os avanços ao Brasil.

O Partido dos Trabalhadores votou contra a “Constituição Cidadã” de 1988, contra o Plano Real em 1994 e a Lei de Responsabilidade Fiscal, recorrendo até ao Supremo Tribunal Federal para derrubá-la. Na semana que passou, Lula reconheceu a importância da Constituição de 1988 e em outros momentos já reconheceu o erro do partido em ter votado contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Antigamente, um funcionário mudar de empresa e ir para um concorrente era visto como deslealdade, hoje os profissionais são disputados a preço de ouro pelas empresas. Os bons profissionais são a todo instante sondados sobre a possibilidade de trocar esse emprego por aquele outro. Se o faz com ética, sem passar automaticamente a declarar juras de amor ao novo patrão e demonizar o anterior, não há demérito. Há, sim, reconhecimento pela capacidade profissional.

Minhas ideias de hoje são certamente diferentes das que tinha há quinze anos. A forma de agir e pensar vão amadurecendo ao longo do tempo e muitas vezes mudamos nossas opiniões e podemos, se convencidos de que estávamos errados, defender o que antes criticávamos. Não há mal nenhum nisso. Não é crime ou deturpação de caráter mudar de opinião. As roupas e as músicas que usamos e ouvimos na adolescência mudam com o passar dos anos.

No meio político, principalmente quando falamos na política local, por haver um acirramento muito grande, algumas pessoas sofrem de uma necessidade extrema de elevar quase ao patamar divino o seu aliado e descer o adversário às profundezas do inferno. Quem antes era competente, amigo, solidário, torna-se mau-caráter, ladrão, ingrato. Não enxergo problema em uma pessoa passar de um grupo político para outro, de uma empresa para outra, de um campo ideológico para outro, porém, que se faça isso às claras, com transparência, deixando tudo de forma muito transparente.

Como dizia Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Há, porém, uma diferença gritante entre ser convencido a mudar de ideia através do debate, do esclarecimento e mudar de opinião mediante vantagens pessoais. Mudar de opinião, sim, vendê-la, jamais! (Artigo do vereador Lairinho Rosado no jornal O Mossoroense de 03 de novembro de 2013).

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